
Paraty, desde a década de 1980, almeja tornar-se Patrimônio Cultural da Humanidade, com reconhecimento da Unesco. As exigências são muitas e, após muitos anos, entre idas e vindas de documentos e exigências, em 2018, foi entregue o Dossiê de Candidatura final para a Unesco contemplando alterações que haviam sido solicitadas.
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Finalmente, em julho de 2019, uma avaliação empreendida pelo Comitê do Patrimônio Mundial, na 43ª Reunião, em Azerbaijão, declara Paraty e Ilha Grande, um território que abriga cultura e biodiversidade, como Patrimônio Misto da Humanidade. O sítio do Patrimônio Misto é o primeiro sítio assim reconhecido na América Latina devido à sua cultura viva e pela sua “(...) capacidade de demonstrar um exemplo excepcional de uso da terra e do mar e interação humana com o meio ambiente.”.
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Critério V – Ser um excelente exemplo de assentamento humano tradicional, uso da terra ou uso do mar que é representativo de uma cultura (ou culturas), ou interação humana com o meio ambiente, especialmente quando ele se torna vulnerável devido ao impacto de mudanças irreversíveis. (grifo nosso).
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Em trecho da Declaração de Valor Universal Excepcional do Sítio Misto Paraty e Ilha Grande consta:
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“O Sítio Misto de Paraty apresenta valor universal excepcional por suas características naturais e culturais, bem como pela relação entre elas. Sendo um sítio onde o sistema cultural relacionado às comunidades tradicionais ainda está presente, conferindo ao sítio misto a diferenciação em relação a cultura viva integrada ao ambiente natural. (...)".
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“Ocupação humana única/Comunidades Tradicionais - O Sítio Misto de Paraty abriga ainda comunidades tradicionais Quilombola, Guarani e Caiçara que mantêm o modo de vida de seus antepassados, além de preservar a maior parte de suas relações, ritos, festivais e religiões, cujos elementos tangíveis e intangíveis contribuem para a caracterização do 'sistema cultural'.". (grifo nosso).
A paisagem que alia a cultura caiçara com mata atlântica e o mar atravessa um tempo longo: tempo dos avós, dos bisavós, da ancestralidade, tempo que a oralidade alcança e que se faz presente nos saberes e nas práticas cotidianas na Praia Grande da Cajaíba. A comunidade foi visitada pelo Comitê de avaliação da Unesco, quando da candidatura de Paraty, que comprovou a cultura viva presente no território e sua importância como Patrimônio da Humanidade. Por meio de seus moradores e do modo de vida caiçara, tal como atestado nos filmes abaixo, a Praia Grande da Cajaíba integra a área “core” (núcleo) do Sítio Misto Paraty e Ilha Grande, certificada como Patrimônio Vivo da Humanidade.
Ao contrário do que se poderia pensar há décadas, patrimônio é uma relação social viva que envolve memória e esquecimento, tempo e espaço. Ele guarda muitas camadas de sentido, inúmeras conexões e valores. Um dos sentidos de patrimônio vincula-se às heranças transmitidas e recebidas ao longo de gerações. Na Praia Grande, seu maior sentido é ser político e escancarar que os bens (materiais e imateriais) e suas narrativas estão em disputa: não há apenas - e ela não nos interessa- a história hegemônica dos vencedores.
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Em conformidade com a museologia e a cartografia social, o patrimônio reivindica viver afetos e lutas contra as lógicas monoepistêmicas, colonizadoras, racistas e patriarcais. Sendo assim, há que se entender os patrimônios vivos na contemporaneidade, pois eles nos contam sobre direitos e deveres.
Sítio Misto Paraty e Ilha Grande: Cultura e Biodiversidade, Patrimônio Mundial da Unesco:
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Paraty e Ilha Grande recebem título de Patrimônio Mundial da Unesco:
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Globo Repórter Paraty - 09/07/2021:
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